domingo, 6 de maio de 2012

Da lanterna à liderança: o caso de São José

Por Milena Antunes
De Mogi das Cruzes*

Quem assistiu a virada nos últimos dois minutos, que deram ao São José/Unimed/Vinac o título do Campeonato Paulista em 2009, já imaginava onde a equipe poderia chegar. Na época, um tabu de 29 anos sem títulos estaduais foi quebrado. Na última quinta-feira (3), mais de três anos depois da conquista, o São José conseguiu outro feito inédito – está classificado para as semifinais do Novo Basquete Brasil (NBB). Até a última edição, os joseenses tinham chegado, no máximo, até as quartas de final.

No primeiro ciclo (2008/09), a equipe não tinha uma base muito forte. Sequer chegou aos playoffs oitavas de final. Terminou a temporada regular em 13º, e com 15 derrotas consecutivas, passou parte do campeonato na lanterna. Ao todo foram 7 vitórias e 21 derrotas. O resultado foi ruim, mas ao invés de mudar tudo, a filosofia do time foi apostar no trabalho que já havia se iniciado.

Fúlvio (terceiro à esquerda) lidera equipe de São José na conquista 
do Campeonato Paulista em 2009.
Deu certo. Na temporada 2009/10, o rendimento da equipe dobrou – 13 vitórias e 13 derrotas, além da 7ª colocação geral. Muito dessa melhora no aproveitamento veio com uma contratação de peso: o armador Fúlvio, que atuava fora do país, voltou e fez a diferença. Foi o líder na conquista do título paulista, e chegou com a equipe as quartas de final do NBB, o primeiro playoff dos joseenses na história da competição. Depois de vencer o Araraquara nas oitavas por 3 a 1, o time caiu diante do Flamengo, vice-campeão naquele ano por 3 a 0.

Apesar da derrota, a inédita participação nos playoffs animou os bastidores do São José. Os principais jogadores permaneceram. Reforços chegaram. Entre eles, um jogador que viria a ser a esperança e a tristeza do time – Murilo. O pivô estava em Minas, e fez um bom início de temporada no Vale do Paraíba. Mais uma vez, a equipe conseguiu alcançar as quartas de final do NBB, mas com aproveitamento melhor do que nos últimos anos – 15 vitórias e 13 derrotas. Nas oitavas, a série foi mais dura. Foram cinco jogos contra a equipe de Limeira para conquistar a classificação. Nas quartas, mais uma derrota para um futuro vice-campeão. A série contra a equipe de Franca terminou em 3 a 0. O Murilo, que poderia ajudar, acabou machucado, e ficou parte da temporada fora. Em alguns jogos foi para o sacrifício.

O pivô, Murilo, é destaque da equipe de São José, e também  
nas estatísticas gerais do NBB. 
A grande virada do São José começou nesta temporada. Algumas peças foram mexidas, e a equipe ganhou ainda mais qualidade com a chegada de jogadores como o ala Dedé, vindo de Franca, e do ala/pivô Jefferson, que chegou do Flamengo. No começo, parecia que o time não ia engrenar. Foi apenas uma impressão passageira. O armador Fúlvio se machucou, mas não foi problema. O jovem Ricardo Fischer assumiu com firmeza a posição. Murilo (foto), recuperado, e inspiradíssimo, começou a disparar nas estatísticas, e despontar como um dos principais – senão o principal – jogadores do NBB. Com uma campanha quase impecável (apenas 5 derrotas ao longo do campeonato), o time terminou a temporada regular na liderança.

Por coincidência do destino, o adversário nos playoffs  foi justamente Franca, o responsável pela eliminação no ano anterior. Dessa vez a série foi 3 a 0 (sem dificuldades) para São José. E por ironia ainda maior, o destaque da classificação joseense foi justamente o Murilo. Perfeito nos arremessos de três pontos, ele brilhou na última partida. Foi o cestinha com 29 pontos, e alcançou o duplo-duplo com 11 rebotes.

Com as outras séries mais equilibradas, o São José foi o único a chegar entre os quatro melhores da competição com um 3 a 0. São três jogos importantes, mas que somados a campanha da equipe mostram uma hegemonia ainda maior na competição – são 15 jogos sem perder. Nada que lembre aquelas 15 derrotas seguidas no primeiro ano de competição. Esta é a segunda maior seqüência de vitórias na história do NBB.

De iniciante, a favorito ao título. De um time apavorado pelo fantasma das contusões, para um elenco coeso, e com um jogador que faz uma temporada brilhante. Será que, além de chegar entre os quatro melhores pela primeira vez, o São José quebra neste ano um outro tabu? Esperemos as semifinais.  

*Com informações da Liga Nacional de Basquete e da Federação Paulista de Basquete.

4 comentários:

  1. São José é um daqueles times que tem história no esporte, mas nunca conseguiu se firmar Realmente tem poucos titulos, mas sempre que entra em quadra o pessoal respeita, está na hora dessa equipe, ter voos mais altos!

    Acho que tem tudo pra serem campeões!!

    Vocês perceberam que só o Joinville dos times que jogaram as oitavas tem chances reais de ir pra semifinais?(Uberlandia não passa do flalixo, infelizmente)
    Os outros estão muito ruins nas quartas...será que o nível é tão diferenciado assim?

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    1. Muito pelo contrário. Uberlândia está endurecendo bastante a série contra o Flamengo. O primeiro jogo, em Minas, teve duas prorrogações. O Flamengo ganhou. Depois o Uberlândia conseguiu vencer uma lá no Rio. Agora a série está empatada, vai para o quinto jogo. Eles podem até não passar, mas condições têm. A mesma coisa com o Joinville. Com Bauru e Franca (que é uma potência em decadência) não teve jeito... São José e Brasília eram favoritos mesmo. Mas as outras séries estão abertas.

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  2. Finalmente o basquete esta produzindo novos historias e fomando publico. Espero que possamos ao longo dos anos ter um campeonato forte e utilizar o basquete com todo o potencial de espetaculo e cidadania que ele tem. Parabens ao são josé que manteve a equipe memso com resultados ruins no primeiro ano e hoje colhe frutos do investimento a longo prazo.

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    1. É isso aí. Eles têm história, mas fizeram certo na tentativa de reerguer o time. Que sirva de exemplo!

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