quinta-feira, 31 de maio de 2012

Hora da decisão!

Por Milena Antunes
De Mogi das Cruzes

Foram quase sete meses de competição. Quinze equipes em busca do título do Novo Basquete Brasil (NBB), mas apenas duas delas ainda têm a chance brigar pelo caneco sábado (02), às 10h00, no Ginásio Municipal “Professor Hugo Ramos”, em Mogi das Cruzes. O São José/Unimed/Vinca, estreante em decisões, tenta acabar com a hegemonia do Uniceub/BRB/Brasília, que busca o tricampeonato consecutivo. Dessa vez, o clima é diferente. Ao contrário das edições anteriores, o campeão sairá de jogo único, sem chance para erros.

Frente a frente: Murilo e Alex são indicados
a melhor jogador da temporada
São José e Brasília formam uma final inédita e curiosa. Para a equipe do Vale do Paraíba, essa é a primeira decisão de NBB. Do outro lado, os brasilienses estão na quarta disputa de título em quatro edições da competição, e são os atuais bicampeões. É o experiente contra o iniciante. Por esse contexto, muitos poderiam indicar o Brasília como favorito ao título, mas o histórico, dessa vez, só faz diferença mesmo no papel. Na prática, é São José quem aparece em primeiro na lista de apostas. A equipe fez melhor campanha até aqui: tem um conjunto que funciona muito bem, e impressiona nas estatísticas individuais. O fato de jogar diante de sua torcida – mesmo que em Mogi – também ajuda. Como mandante, o time de Régis Marrelli só perdeu uma em 20 partidas. Brasília é um visitante de bom desempenho - perdeu 7 em 18 jogos. Ainda sim, a torcida joseense – que se somará a mogiana – é muito forte, e deve fazer a diferença. Afinal, é uma decisão, e todas as motivações psicológicas – para o bem e para o mal – influenciam no clima do jogo.

Na história do NBB, os dois finalistas já se enfrentaram oito vezes, sempre em fases de classificação. Até a última temporada, Brasília tinha ampla vantagem. Estava invicta no confronto com seis vitórias. Neste último ciclo, o domínio é de São José, que venceu duas vezes – em casa, de forma tranquila, por 87 a 78, e fora, numa partida em que Brasília tirou 12 pontos de diferença, e foi derrotado apenas na prorrogação, por 83 a 82.

Histórico na temporada 2011/12

26/01 - Brasília 82 x 83 São José
13/12 - São José 87 x 78 Brasília

Estreante, mas impecável (São José)

Fúlvio e Murilo são os destaques  do São José
São José vive um momento especial no NBB. Líder na primeira fase, a equipe manteve o ritmo nos playoffs. O técnico Régis Marreli sempre faz questão de ressaltar que o conjunto é o ponto mais forte deste time. É verdade. O reflexo disso está nas estatísticas do campeonato. O time do Vale do Paraíba é o dono do melhor ataque, com média de 92,8 pontos por jogo, sendo líder no aproveitamento de 3 pontos, 40,9%, e de 2 pontos, 60,0%. É também a equipe que mais distribui assistências, 17,8, e tocos, 3,2. Individualmente, é difícil encontrar um fundamento onde São José não tenha ao menos um representante entre os cinco melhores. Esse é mais um fator que comprova a força do grupo. Não se engane... No esporte, às vezes os números indicam um contexto que não se comprova na prática, mas no caso de São José, os dados traduzem exatamente o que é a equipe: equilíbrio entre defesa e ataque, objetividade na hora de definir, e excelência de conjunto.

Além de tudo isso, o time ainda conta com a fase brilhante de dois jogadores. O armador Fúlvio, e o pivô Murilo já se conhecem de longa data. Jogaram juntos em Mogi das Cruzes, no início dos anos 2000, e formam agora, em São José, uma dupla afiada.  Nos playoffs, o armador soma 15,0 pontos por jogo e lidera nas assistências, com 7,9. Já o pivô é o cestinha com 22,6 pontos anotados por jogo, além de coletar 8,5 rebotes e distribuir 1,3 tocos.

Murilo é tido, quase pela unanimidade, como o melhor jogador desta temporada do NBB. Ele já foi o MVP no Jogo das Estrelas, e é forte candidato a levar o prêmio no total do campeonato. Nas estatísticas gerais, ele é líder de 5 entre 9 fundamentos. O que poucos sabem, porém, é que o queridinho do time de São José joga no sacrifício já há algum tempo. Lesionado, ele não participa dos treinos, apenas joga. Mesmo assim é nítido que tem feito muito bem a parte dele.

Campanha

Fase de classificação: 23 vitórias e 5 derrotas (1º colocado)
Quartas de Final: 3 a 0 contra Franca
Semifinal: 3 a 2 contra o Flamengo

O “papa” finais (Brasília)
Brasília é o atual bicampeão do NBB
Pivô Giovannoni foi o melhor jogador
 da final em 2010/11

Quatro finais, em quatro edições do NBB é um histórico de respeito. Ter conquistado o título nos últimos dois anos, gabarita ainda mais o time de Brasília para a decisão deste ano. Ao contrário de São José, o time da capital federal não tem feito uma temporada tão regular. Os resultados aparecem, é verdade, mas dentro de quadra o time sofreu em alguns momentos para encontrar seu melhor jogo. Classificado em terceiro lugar na temporada regular, Brasília cresceu na disputa dos playoffs. Fez uma série consistente contra Bauru, e teve frieza para bater o Pinheiros fora de casa em duas oportunidades, e conquistar a classificação para mais uma final. Frieza, aliás, pode ser a vantagem da equipe neste confronto. São José é um time de emoção, explosão, e terá a torcida a favor. Com a experiência dos jogadores de Brasília, manter a “cabeça fria” é a chance de equilibrar esse lado psicológico, para tentar impor o seu ritmo de jogo em quadra. 

A filosofia do técnico José Carlos Vidal é manter uma defesa forte. Nas estatísticas gerais do campeonato essa característica do time de Brasília não transparece, mas na quadra, é assim mesmo que funciona. Nos playoffs, porém, é o ataque que tem feito a diferença. O time é o segundo que mais pontua nessa fase, com média de 85,7 pontos por jogo, atrás apenas do São José. A eficiência nas bolas de 3 pontos é parte fundamental desse sucesso ofensivo, com um aproveitamento de 37,2%. E se numa decisão o que faz a diferença são os detalhes, a equipe deve ficar atenta à quantidade de erros, principalmente nas saídas de bola em velocidade. Por partida, são 14,4 desperdício de bola.

Se de um lado tem Fúlvio e Murilo, em Brasília tem um trio bicampeão que, inspirado, sempre dá muito trabalho. Alex, Nezinho e Giovannoni são responsáveis por 49,5 pontos por jogo na fase de mata-matas, 57% do total da equipe. Individualmente, o ala/armador, Alex, é o cara que pode desequilibrar. Se o jogo está difícil, ele é o típico jogador que chama a jogada, marca o ponto, sofre a falta, e ainda converte os lances-livres.

Campanha

Primeira fase: 21 vitórias e 7 derrotas (3º colocado)
Quartas de Final: 3 a 0 contra Bauru
Semifinal: 3 a 2 contra o Pinheiros


O fator torcida

São José tem a maior média de público da  temporada
Não é à toa São José e Brasília fazem a final do NBB. Além dos elencos fortes e consistentes ao longo da temporada, as duas torcidas foram as que mais compareceram aos ginásios para apoiar o time do coração. Na fase de classificação, o São José liderou a média de público, com 2.122,64 pessoas em cada partida disputada em casa – lembrando que a arquibancada por lá é pequena, e esse número representa praticamente a lotação total. Brasília levou uma média de 1.726,29 torcedores.

A Liga Nacional de Basquete (LNB) não divulgou os números dos playoffs, mas pelo que se pode observar, a média deve ter sido ainda mais alta. No último confronto entre São José e Flamengo, no Vale do Paraíba, durante as semifinais, a fila para o jogo que começaria às 18h00 começou a se formar antes das 08h30.

Campo neutro?

Por ter a melhor campanha na primeira fase do NBB, São José teve o direito de escolher o ginásio onde seria disputada a final. Diante de uma lista que incluía espaços como o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, os mandantes pediram por Mogi. A cidade é próxima de São José, o que facilita a cinda da torcida, mas tem também uma ligação “sentimental”.

A dupla de maior destaque da equipe joseense marcou o nome da história do basquete de Mogi das Cruzes no passado. Jogando pelo Corinthians/Mogi, Murilo e Fúlvio já mostravam talento, e disputaram partidas eletrizantes que ficaram na memória do torcedor. Mais do que isso, Fúlvio criou raízes na cidade. É casado com uma mogiana, e quase sempre aparece pela cidade nos momentos de folga. A torcida da cidade, que já incentivou o São José contra Limeira durante a final dos Jogos Abertos, disputados em Mogi das Cruzes, no ano passado, engrossará o coro também na final do NBB.

Além dos jogadores, quem tem vínculo ainda mais forte com a cidade é o técnico Régis Marrelli. Ele é nascido em Mogi, e poderá ganhar o primeiro título do NBB de sua carreira em casa. Além de “cidadão” mogiano, Régis foi também auxiliar técnico no basquete da cidade na mesma época em que Murilo e Fúlvio jogavam por lá.

Alírio

O pivô Alírio, do Brasília, é o único que pode dividir a atenção do público de Mogi das Cruzes. Ele foi da mesma geração do trio joseense em Mogi e, por isso, é também será lembrado pelo torcedor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário