sexta-feira, 8 de junho de 2012

A regra é clara?


Por Milena Antunes
De Mogi das Cruzes

Em tempos de intertemporada voltam as especulações nos bastidores do basquete. Uma delas, já antiga, é a inclusão da equipe de Fortaleza na próxima edição do Novo Basquete Brasil (NBB). E aí muita gente se pergunta – como uma equipe pode entrar direto no campeonato sem passar pela Super Copa? E se isso é possível, por que existe um torneio de acesso?

Mogi e Palmeiras entraram no NBB depois do título e do
vice-campeonato na Super Copa Brasil, respectivamente
Apesar de não aparecer claramente no regulamento, a Liga Nacional de Basquete (LNB) permite a entrada das equipes no NBB de duas formas. Uma delas é via Super Copa Brasil, organizada pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Os dois primeiros colocados, se estiverem de acordo com as exigências da Liga, têm o direito de disputar a competição. Uma das exigências é a apresentação de um bom planejamento financeiro para evitar os “aventureiros” que entram para disputar apenas uma temporada e depois desistem da competição. Por esse meio, Mogi das Cruzes/SaniFill, campeão, e Palmeiras, vice-campeão da Super Copa deste ano poderão disputar o ciclo 5 da competição nacional. Esse é o caminho da vaga conquistada. A equipe ganha o direito em quadra, e paga apenas as taxas “normais” exigidas para inscrição.  

A entrada desses dois times, porém, foi motivo de polêmica. Existe uma regra no NBB que permite uma cota de 10% de equipes do mesmo estado na competição em relação ao número total de participantes. Com dois finalistas de São Paulo, um deles ficaria de fora.

O assunto foi exaustivamente levantado com os responsáveis da CBB e da LNB durante a semana de disputas da Super Copa. Após muitos “não sabemos ainda”, dois dias antes da final veio a confirmação: Araraquara desistiu de disputar o NBB e ficaram abertas, assim, duas vagas para times paulistas. Problema resolvido.

Araraquara tem dificuldades financeiras já há algum tempo. Na temporada 2009/10, a equipe tentou uma parceria com o Palmeiras, que durou apenas um ano. Notícias sobre a saída do time já circulavam desde a desclassificação na primeira fase do NBB, no início do ano. Chegou-se, inclusive, a especular que a cidade venderia sua franquia para Ribeirão Preto, mas essa “manobra”, de acordo com o regulamento da Liga, é “ilegal”. Depois de muita polêmica, ambas as diretorias negaram que estariam em negociações. Pouco tempo depois, Ribeirão anunciou que não voltaria ao cenário do basquete nacional na próxima temporada.

Alberto Bial é indicado como provável
comandante do time de Fortaleza
Fortaleza se manteve distante desse “diz que me diz” e agora pode ser a principal beneficiada. O segundo meio legal de entrar no NBB é a compra de uma franquia. Essa opção é apenas para as equipes que tem “caixa” disponível. A LNB não divulga os valores, mas o preço é bastante alto.

A obtenção de uma franquia só pode ser feita diretamente com a Liga. Ou seja: o time que não tiver mais interesse ou condições de participar da competição vende a sua vaga à LNB, que após a aquisição poderá repassá-la para outra equipe. Isso, até o momento, não aconteceu. Mas com a devolução da franquia de Araraquara, pode ser o primeiro ano que um time entra direto no NBB.

A equipe do nordeste brasileiro, de acordo com informações não oficiais, seria comandada por Alberto Bial, ex-jogador, técnico, e atual comentarista do Sportv e da Rede Globo.

Licença e parceria

Os times que perderam patrocinadores ou têm outras dificuldades financeiras não precisam tomar uma atitude drástica como fez Araraquara e vender a vaga. A LNB permite uma licença de até dois anos. Nesse período a equipe fica de fora do NBB e a franquia é mantida. Depois de dois anos, o time é obrigado a voltar à competição. Caso isso não aconteça, o ele é excluído da Liga e perde todos os seus direitos. Lajeado, Nova Iguaçu e Ulbra, todos sócio-fundadores da LNB, perderam suas vagas dessa forma.

Outra estratégia para driblar a crise é firmar uma parceria. Assis, que esteve ausente nessa última edição do NBB, assinou parceria de dois anos com Suzano, e volta na próxima temporada como Instituto Ratto/Suzano/Assis. Araraquara, como já foi dito, também já tentou parceria com o Palmeiras há dois anos. É importante ressaltar que esse esquema de “sociedade” não está incluído no regulamento do NBB. Todos os pedidos de parceria são analisados previamente pelo conselho da LNB.  

Segunda divisão

Em abril, a Liga divulgou a possibilidade de se abrir uma segunda divisão do NBB, algo parecido com o que a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) fez com a criação da Superliga B.

Adotando esse formato, as equipes que não participam da liga principal terão a possibilidade de disputar um campeonato mais longo e consistente (o nível das Copas Regionais hoje é bastante fraco), e a rotatividade de times na divisão especial seria maior, com acessos e rebaixamentos a cada temporada. A idéia agrada a várias equipes, mas não existe nada definido até agora. O projeto, de acordo com a LNB, está apenas em estudo.  

Traduzindo as regras

Um time entra no NBB:
- Por vaga conquistada: os dois finalistas da Super Copa Brasil, se estiverem de acordo com as exigências da LNB.
- Por vaga comprada: um desistente vende a vaga para a LNB, que só depois pode negociá-la com outra equipe.

São permitidas:
- Parcerias, desde que previamente analisadas pela Liga, e...
- Licença de até dois anos.

Não é permitida:
- A negociação de franquia de uma equipe para outra. A compra deve ser feita direto com a LNB.
- A participação de mais de 10% de equipes de um mesmo estado no NBB. Nesse ano o problema da Super Copa foi resolvido, mas se o problema de repetir na próxima temporada, não se sabe como a Liga vai driblar a situação. 

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