Por Milena Antunes
De Mogi das Cruzes
Em
tempos de intertemporada voltam as especulações nos bastidores do basquete. Uma
delas, já antiga, é a inclusão da equipe de Fortaleza na próxima edição do Novo
Basquete Brasil (NBB). E aí muita gente se pergunta – como uma equipe pode
entrar direto no campeonato sem passar pela Super Copa? E se isso é possível,
por que existe um torneio de acesso?
![]() |
Mogi e Palmeiras entraram no NBB depois do título e do vice-campeonato na Super Copa Brasil, respectivamente |
Apesar
de não aparecer claramente no regulamento, a Liga Nacional de Basquete (LNB)
permite a entrada das equipes no NBB de duas formas. Uma delas é via Super Copa
Brasil, organizada pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Os dois primeiros colocados, se estiverem de acordo com as exigências
da Liga, têm o direito de disputar a competição. Uma das exigências é a apresentação de um
bom planejamento financeiro para evitar os “aventureiros” que entram para
disputar apenas uma temporada e depois desistem da competição. Por esse meio,
Mogi das Cruzes/SaniFill, campeão, e Palmeiras, vice-campeão da Super Copa
deste ano poderão disputar o ciclo 5 da competição nacional. Esse é o caminho
da vaga conquistada. A equipe ganha o direito em quadra, e paga apenas as taxas
“normais” exigidas para inscrição.
A
entrada desses dois times, porém, foi motivo de polêmica. Existe uma regra no
NBB que permite uma cota de 10% de equipes do mesmo estado na competição em
relação ao número total de participantes. Com dois finalistas de São Paulo, um
deles ficaria de fora.
O
assunto foi exaustivamente levantado com os responsáveis da CBB e da LNB durante a semana de disputas da Super
Copa. Após muitos “não sabemos ainda”, dois dias antes da final veio a
confirmação: Araraquara desistiu de disputar o NBB e ficaram abertas, assim,
duas vagas para times paulistas. Problema resolvido.
Araraquara
tem dificuldades financeiras já há algum tempo. Na temporada 2009/10, a equipe
tentou uma parceria com o Palmeiras, que durou apenas um ano. Notícias sobre a
saída do time já circulavam desde a desclassificação na primeira fase do NBB,
no início do ano. Chegou-se, inclusive, a especular que a cidade venderia sua
franquia para Ribeirão Preto, mas essa “manobra”, de acordo com o regulamento
da Liga, é “ilegal”. Depois de muita polêmica, ambas as diretorias negaram que
estariam em
negociações. Pouco tempo depois, Ribeirão anunciou que não
voltaria ao cenário do basquete nacional na próxima temporada.
![]() |
Alberto Bial é indicado como provável comandante do time de Fortaleza |
Fortaleza
se manteve distante desse “diz que me diz” e agora pode ser a principal
beneficiada. O segundo meio legal de entrar no NBB é a compra de uma franquia.
Essa opção é apenas para as equipes que tem “caixa” disponível. A LNB não
divulga os valores, mas o preço é bastante alto.
A
obtenção de uma franquia só pode ser feita diretamente com a Liga. Ou seja: o
time que não tiver mais interesse ou condições de participar da competição
vende a sua vaga à LNB, que após a aquisição poderá repassá-la para outra
equipe. Isso, até o momento, não aconteceu. Mas com a devolução da franquia de
Araraquara, pode ser o primeiro ano que um time entra direto no NBB.
A
equipe do nordeste brasileiro, de acordo com informações não oficiais, seria
comandada por Alberto Bial, ex-jogador, técnico, e atual comentarista do Sportv
e da Rede Globo.
Licença e parceria
Os
times que perderam patrocinadores ou têm outras dificuldades financeiras não
precisam tomar uma atitude drástica como fez Araraquara e vender a vaga. A LNB
permite uma licença de até dois anos. Nesse período a equipe
fica de fora do NBB e a franquia é mantida. Depois de dois anos, o time é
obrigado a voltar à competição. Caso isso não aconteça, o ele é excluído da Liga
e perde todos os seus direitos. Lajeado, Nova Iguaçu e Ulbra, todos sócio-fundadores
da LNB, perderam suas vagas dessa forma.
Outra
estratégia para driblar a crise é firmar uma parceria. Assis, que esteve
ausente nessa última edição do NBB, assinou parceria de dois anos com Suzano, e
volta na próxima temporada como Instituto Ratto/Suzano/Assis. Araraquara, como
já foi dito, também já tentou parceria com o Palmeiras há dois anos. É
importante ressaltar que esse esquema de “sociedade” não está incluído no
regulamento do NBB. Todos os pedidos de parceria são analisados previamente
pelo conselho da LNB.
Segunda
divisão
Em
abril, a Liga divulgou a possibilidade de se abrir uma segunda
divisão do NBB, algo parecido com o que a Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV) fez com a criação da Superliga B.
Adotando
esse formato, as equipes que não participam da liga principal terão a
possibilidade de disputar um campeonato mais longo e consistente (o nível das
Copas Regionais hoje é bastante fraco), e a rotatividade de times na divisão
especial seria maior, com acessos e rebaixamentos a cada temporada. A idéia
agrada a várias equipes, mas não existe nada definido até agora. O projeto, de
acordo com a LNB, está apenas em estudo.
Traduzindo
as regras
Um
time entra no NBB:
-
Por vaga conquistada: os dois finalistas da Super Copa Brasil, se estiverem de
acordo com as exigências da LNB.
-
Por vaga comprada: um desistente vende a vaga para a LNB, que só depois pode
negociá-la com outra equipe.
São
permitidas:
-
Parcerias, desde que previamente analisadas pela Liga, e...
-
Licença de até dois anos.
Não
é permitida:
-
A negociação de franquia de uma equipe para outra. A compra deve ser feita
direto com a LNB.
-
A participação de mais de 10% de equipes de um mesmo estado no NBB. Nesse ano o
problema da Super Copa foi resolvido, mas se o problema de repetir na próxima
temporada, não se sabe como a Liga vai driblar a situação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário